Navegando pelo Youtube, encontrei esse vídeo exatamente num período em que me encontro em meio a uma pesquisa sobre os bebês, sobre materiais, sobre experiências, sobre o que apresentamos a eles para apresentar o mundo.
E a partir desse vídeo, me recordo das palavras de Gianni Rodari, que nos lembra que um mesmo objeto, pode ter sentidos diferentes a um adulto e a uma criança.
Em seu texto, cita o exemplo de uma mesa. Para um adulto, a mesa já tem sua função, já está vinculada a um propósito, em suma, está convencionada. No entanto, esta mesma mesa, para a criança pode significar uma grande cabana, um palco, um tambor...
Por isso, ver este vídeo me faz pensar que uma folha de papel, não é só uma folha de papel. Parece que, para o bebê simpático que aparece no video, esta folha pode representar muito mais, acredito que isso ocorra pelo simples fato dos "começos". Começar alguma experiência pela primeira vez é algo de grande encantamento. Assim, a simples folha de papel se converte em um objeto de potência sonora, plástica, física e lúdica.
Nos últimos minutos do vídeo, o adulto, imaginando que é a "bagunça" com o papel que faz a criança rir, não percebe que o insólito, que o inesperado, que o contato com o papel, talvez o primeiro contato, é que para o bebê representa algo de interesse, de desejo e curiosidade. O bebê experimenta o papel, se sensibiliza potencialmente para sentir o papel, faz um verdadeiro exercício estético - um exercício de estesia com o papel, de abrir seu corpo inteiro para o papel - sem se preocupar se desse papel acontece isso ou aquilo. O que interessa realmente ao bebê, é a experiência.
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